O que é próprio do ser humano, que nos distingue dos outros animais e também das máquinas? E o que é apropriado ao ser humano para vivermos melhor e mais felizes? O Colégio recebeu ontem, 25/04, o professor Dante Gallian para refletir sobre essas questões urgentes com a nossa comunidade, dando início ao ciclo de palestras Diálogos pela Educação em 2024.
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Esses questionamentos são urgentes porque as imensas facilidades e os avanços conquistados pela ciência e pela tecnologia não estão dando conta de nos satisfazer em um sentido mais profundo. O professor, que também trata desse assunto em sua coluna na revista IstoÉ Dinheiro, argumenta que não estamos vivendo uma vida plena, com propósito e significado, mesmo com todo o conforto e agilidade que os celulares nos proporcionam.
Pelo contrário, estamos mais infelizes e adoecidos, sem encontrar um sentido para a vida nem saber como e onde procurá-lo. Isso é verdade para os adultos e, de forma assustadora, também para adolescentes e crianças. Eles sofrem cada vez mais de depressão e ansiedade, de forma muito precoce.
Médicos formados com Literatura
Para além de problemas de saúde física e mental, o professor Dante percebe uma crise generalizada de saúde existencial. Há 30 anos atuando como professor na Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp), em São Paulo, ele acompanha de perto os males que afetam a saúde das pessoas.
Também na Unifesp, ele é o responsável por trazer uma perspectiva mais humanizada e humanista para os médicos em formação. Isso porque a faculdade de medicina se alicerça principalmente nos aspectos técnicos e científicos, que não são suficientes para formar um bom médico, que veja as pessoas de forma integral e não apenas a área de sua especialidade.
Depois de tentar algumas abordagens em suas aulas, passou a ler textos literários clássicos com os estudantes. E viu o efeito transformador poderoso da linguagem simbólica e das narrativas para resgatar a humanidade naqueles alunos acostumados a pensar e agir de forma racional e analítica.
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Em busca de uma existência mais saudável
A potência transformadora da leitura literária se estende a qualquer pessoa disposta a tentá-la. Daí a importância da Literatura para crianças e adolescentes, tanto na escola como em casa. Como forma de arte, ela é um modelo de conhecimento que apresenta a existência humana em sua complexidade e precisa ser parte da vida de todos, como mais uma forma de conhecer o mundo.
Não somos automatizados, embora estejamos vivendo “no automático” com frequência. E a Literatura, como todas as artes, aborda e apresenta essa “vida como ela é” como nenhuma outra disciplina pode fazer. É próprio do humano ter dúvidas, não saber muitas coisas, ser contraditório, incompreensível, incoerente, submetido ao acaso, vulnerável. Não somos máquinas de produção autossuficientes, que não sentem nada. Isso é o que nos adoece.
As outras disciplinas são importantíssimas, mas seu discurso exato, mensurável, impessoal e objetivo não dá conta do que é viver. Não temos controle sobre quase nada e não vivemos em condições ideais de temperatura e pressão, e isso gera muita angústia.
Para assistir à palestra completa, assista ao vídeo no nosso canal no YouTube:
A educação integral exige a Literatura
Uma formação que não contemple a Literatura e as Artes é incompleta pois não educa as pessoas para a lidar com essa e muitas outras angústias. Afinal, o conhecimento cartesiano e utilitário cria uma “idealização” de exatidão que não corresponde à vida concreta.
De acordo com o professor Dante Gallian e com especialistas de diversas áreas, as narrativas e histórias não têm o objetivo de oferecer uma resposta única, mas de ampliar os significados e criar ainda mais perguntas. Elas “abrem as portas da percepção” e nos despertam de uma vida mecanicista e utilitária, anestesiada.
Quando lemos um livro de literatura ou quando assistimos a um filme, saímos do modo automático. Desenvolvemos a cognição de novas maneiras, potencializando a imaginação, a criatividade e a inovação. Por isso, aqui no Colégio, a Literatura sempre foi uma prioridade e é parte do currículo do Berçário ao Ensino Médio.
Como o professor defendeu, a Literatura pode ser esse remédio para ressignificar as nossas experiências de vida, para resgatar as palavras que faltam para descrevê-la e contá-la para outras pessoas. Quando podemos falar, contar, compartilhar, nos expressar por meio de histórias, imediatamente nos sentimos melhor.
Afinal, o ser humano vive em relações. Nos relacionamos, conversamos e ouvimos desde o início da nossa espécie, por meio de narrativas inventadas ou não. Assim criamos vínculos que reforçam e ampliam a nossa humanidade e a nossa capacidade de sentir.
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