Acontece no Uirapuru

Dante Gallian: é próprio do humano ler, ouvir e contar histórias


O que é próprio do ser humano, que nos distingue dos outros animais e também das máquinas? E o que é apropriado ao ser humano para vivermos melhor e mais felizes? O Colégio recebeu ontem, 25/04, o professor Dante Gallian para refletir sobre essas questões urgentes com a nossa comunidade, dando início ao ciclo de palestras Diálogos pela Educação em 2024. 

Leia mais: “A tecnologia digital não está no lugar da conexão humana”

Dante Gallian e a coordenadora geral do Uirapuru, Maura Bolfer, falam para plateia de famílias.

Esses questionamentos são urgentes porque as imensas facilidades e os avanços conquistados pela ciência e pela tecnologia não estão dando conta de nos satisfazer em um sentido mais profundo. O professor, que também trata desse assunto em sua coluna na revista IstoÉ Dinheiro, argumenta que não estamos vivendo uma vida plena, com propósito e significado, mesmo com todo o conforto e agilidade que os celulares nos proporcionam.

Pelo contrário, estamos mais infelizes e adoecidos, sem encontrar um sentido para a vida nem saber como e onde procurá-lo. Isso é verdade para os adultos e, de forma assustadora, também para adolescentes e crianças. Eles sofrem cada vez mais de depressão e ansiedade, de forma muito precoce.

 

Médicos formados com Literatura

Para além de problemas de saúde física e mental, o professor Dante percebe uma crise generalizada de saúde existencial. Há 30 anos atuando como professor na Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp), em São Paulo, ele acompanha de perto os males que afetam a saúde das pessoas. 

Também na Unifesp, ele é o responsável por trazer uma perspectiva mais humanizada e humanista para os médicos em formação. Isso porque a faculdade de medicina se alicerça principalmente nos aspectos técnicos e científicos, que não são suficientes para formar um bom médico, que veja as pessoas de forma integral e não apenas a área de sua especialidade.

Depois de tentar algumas abordagens em suas aulas, passou a ler textos literários clássicos com os estudantes. E viu o efeito transformador poderoso da linguagem simbólica e das narrativas para resgatar a humanidade naqueles alunos acostumados a pensar e agir de forma racional e analítica. 

Leia mais: A escola como promotora do diálogo e da paz

 

Em busca de uma existência mais saudável

A potência transformadora da leitura literária se estende a qualquer pessoa disposta a tentá-la. Daí a importância da Literatura para crianças e adolescentes, tanto na escola como em casa. Como forma de arte, ela é um modelo de conhecimento que apresenta a existência humana em sua complexidade e precisa ser parte da vida de todos, como mais uma forma de conhecer o mundo. 

Não somos automatizados, embora estejamos vivendo “no automático” com frequência. E a Literatura, como todas as artes, aborda e apresenta essa “vida como ela é” como nenhuma outra disciplina pode fazer. É próprio do humano ter dúvidas, não saber muitas coisas, ser contraditório, incompreensível, incoerente, submetido ao acaso, vulnerável. Não somos máquinas de produção autossuficientes, que não sentem nada. Isso é o que nos adoece.

As outras disciplinas são importantíssimas, mas seu discurso exato, mensurável, impessoal e objetivo não dá conta do que é viver. Não temos controle sobre quase nada e não vivemos em condições ideais de temperatura e pressão, e isso gera muita angústia. 

Para assistir à palestra completa, assista ao vídeo no nosso canal no YouTube:

 

A educação integral exige a Literatura

Uma formação que não contemple a Literatura e as Artes é incompleta pois não educa as pessoas para a lidar com essa e muitas outras angústias. Afinal, o conhecimento cartesiano e utilitário cria uma “idealização” de exatidão que não corresponde à vida concreta. 

De acordo com o professor Dante Gallian e com especialistas de diversas áreas, as narrativas e histórias não têm o objetivo de oferecer uma resposta única, mas de ampliar os significados e criar ainda mais perguntas. Elas “abrem as portas da percepção” e nos despertam de uma vida mecanicista e utilitária, anestesiada. 

Quando lemos um livro de literatura ou quando assistimos a um filme, saímos do modo automático. Desenvolvemos a cognição de novas maneiras, potencializando a imaginação, a criatividade e a inovação. Por isso, aqui no Colégio, a Literatura sempre foi uma prioridade e é parte do currículo do Berçário ao Ensino Médio.

Como o professor defendeu, a Literatura pode ser esse remédio para ressignificar as nossas experiências de vida, para resgatar as palavras que faltam para descrevê-la e contá-la para outras pessoas. Quando podemos falar, contar, compartilhar, nos expressar por meio de histórias, imediatamente nos sentimos melhor. 

Afinal, o ser humano vive em relações. Nos relacionamos, conversamos e ouvimos desde o início da nossa espécie, por meio de narrativas inventadas ou não. Assim criamos vínculos que reforçam e ampliam a nossa humanidade e a nossa capacidade de sentir. 

 

Últimos Posts


Interclasses Uirapuru 2024
Categoria I 6º ao 8º ano Até 12 equipes masculinas Até 8 equipes femininas Categoria II 9º ano à 3ª série EM Até 16 equipes masculinas Até 8 equipes femininas Tabela de...
Uiramun 2024
A Simulação Acadêmica das Nações Unidas – UIRAMUN – é voltada para alunos do Ensino Médio, promovendo aos participantes a experiência diplomática de representar os interesses políticos...
Estudante realiza registro em seu Portfólio do Estudante.
Orientação Educacional promove autoconhecimento e habilidades socioemocionais na escola
Reconhecer emoções, características, limites, gostos e interesses próprios é uma habilidade que também são conteúdos aqui no Colégio A Orientação Educacional desenvolve práticas de...
Dra. Alessandra Borelli aborda o uso seguro e saudável da internet para crianças e adolescentes
Sorocaba, 18 de maio de 2024 — Nas duas últimas edições dos Diálogos pela Educação, o Colégio Uirapuru recebeu a advogada especializada em direito digital e segurança de crianças e...

Notícia

Ilana Katz discute o uso da tecnologia na escola e na família


No primeiro encontro do ciclo Diálogos pela Educação, o Colégio recebeu a dra. Ilana Katz, que conversou sobre presença e relação entre escola e famílias quanto ao uso das tecnologias digitais


O celular, as redes sociais e os jogos eletrônicos têm se tornado onipresentes na vida de crianças e jovens. Para conversar com as famílias sobre o impacto da tecnologia na educação e nas relações entre a família e a criança, a psicóloga e pesquisadora dra. Ilana Katz esteve em Sorocaba, a convite do Colégio, para abrir o ciclo Diálogos pela Educação. 

Para assistir à conversa completa, acesse o vídeo no canal do YouTube do Colégio:

 

Referência em pesquisas sobre a infância, Ilana explicou que é preciso sempre buscar o melhor interesse das crianças e dos adolescentes, como determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), no que diz respeito ao uso da tecnologia. E essa responsabilidade deve ser compartilhada entre todas as instâncias sociais, como famílias, escolas e poder público, para regular a atuação das grandes empresas de tecnologia, por exemplo. 

Ilana Katz conversa com as famílias do Colégio Uirapuru, em Sorocaba, sobre o uso e os limites da tecnologia na educação e nas família
Ilana Katz conversa sobre o uso da tecnologia por crianças e jovens no Anfiteatro do Colégio

“A tecnologia digital nunca pode ser um fim, ela necessariamente precisa ser um meio. E um meio de acesso ao conhecimento deve alargar o mundo, ao invés de fechá-lo. O que o algoritmo faz, muito ao contrário do alargamento do mundo, é o seu estreitamento”, argumentou a pesquisadora.

Ilana destacou que os algoritmos que regem a tecnologia não permitem uma “navegação” na internet, como antes se dizia. Antes, eles apresentam às pessoas sempre mais daquilo que elas já conhecem, em que já acreditam e com o que já concordam. 

Sem espaço para questionamentos, crítica e diversidade, as pessoas é que são “navegadas”, de acordo com seu comportamento on-line. Nesse cenário, elas são levadas, sem perceber, a rodar em círculos, cavando um buraco mais profundo dentro de experiências e opiniões iguais às suas, tudo mediado por interesses financeiros, econômicos e políticos. E, no caso das crianças e dos adolescentes, isso é ainda mais preocupante.

 

Leia mais: Gamificação contra bullying e cyberbullying na escola

Como competir com o celular?

Como é possível fazer frente ao assédio da tecnologia, uma vez que ela não vai deixar de existir?

Segundo Ilana, o uso orientado deve ser o parâmetro, tanto na escola como no ambiente familiar, já que não cabe mais negar esse universo, assim como tempo para se dedicar às crianças e aos adolescentes. 

“A tecnologia digital não está no lugar da conexão humana, mas deve estar ao lado da conexão humana. Uma tela só funciona quando há um humano ao lado que te diga outra coisa, diferente do que algoritmo te diz”. 

Além do uso orientado e do diálogo constante, ela argumentou que, para “abrir concorrência ao assédio digital”, é preciso investir tempo nas relações humanas e estar presente. 

“A gente precisa ter tempo de fazer outras coisas com as crianças, compartilhar interesses, se interessar. Fazer as coisas sem o celular na mão. Isso faz diferença na experiência que todos vão ter. A partir daí, vamos apostar que essas experiências vão construir uma outra relação com esse universo [da tecnologia].”

Leia mais: 4º ano envia mensagens em Inglês de apoio à Turquia

Famílias assistem à palestra de Ilana Katz sobre tecnologia na educação, no Anfiteatro do Colégio Uirapuru

A importância dos limites no uso da tecnologia

Como essa é uma responsabilidade de todos, ela defendeu, ainda, que as famílias precisam sustentar  limites à tecnologia, tanto em relação ao tempo de uso quanto ao conteúdo acessado. Segundo a psicanalista, é preciso acompanhar de perto os sites e aplicativos que as crianças usam on-line e fazer um filtro quando for preciso.

“É muito mais fácil dizer para a escola barrar o uso da tecnologia; o difícil é dizer para a criança que ela não vai ter celular naquele momento, por exemplo. É preciso que a gente possa, juntos, sustentar a ideia de que os sujeitos têm condição de ficar insatisfeitos, e tá tudo bem.”

Ela explicou que as crianças e os jovens têm o direito de querer um celular, jogar um jogo, passar o dia no TikTok, mas precisam saber que “querer” não implica a realização desse desejo. “[Esse limite] faz parte da educação, e tela nenhuma ensina isso.”

Últimos Posts


Interclasses Uirapuru 2024
Categoria I 6º ao 8º ano Até 12 equipes masculinas Até 8 equipes femininas Categoria II 9º ano à 3ª série EM Até 16 equipes masculinas Até 8 equipes femininas Tabela de...
Uiramun 2024
A Simulação Acadêmica das Nações Unidas – UIRAMUN – é voltada para alunos do Ensino Médio, promovendo aos participantes a experiência diplomática de representar os interesses políticos...
Estudante realiza registro em seu Portfólio do Estudante.
Orientação Educacional promove autoconhecimento e habilidades socioemocionais na escola
Reconhecer emoções, características, limites, gostos e interesses próprios é uma habilidade que também são conteúdos aqui no Colégio A Orientação Educacional desenvolve práticas de...
Dra. Alessandra Borelli aborda o uso seguro e saudável da internet para crianças e adolescentes
Sorocaba, 18 de maio de 2024 — Nas duas últimas edições dos Diálogos pela Educação, o Colégio Uirapuru recebeu a advogada especializada em direito digital e segurança de crianças e...

Agende uma visita e conheça mais sobre o Colégio Uirapuru. Será um prazer recebê-los!

Novos Alunos

Informações sobre matrículas no Colégio Uirapuru.

Acesse
Dúvidas e informações entre em contato com o Colégio.

App Uirapuru

Baixe o APP do Uirapuru e tenha um canal direto com o Colégio na palma da mão.

Disponível na Apple Store e Google Play

Siga o Uirapuru

Acompanhe as novidades e informações da nossa comunidade nas redes sociais.

Facebook
Instagram
YouTube
LinkedIn

Siga o Uirapuru


App Uirapuru

Clicando em "Aceito todos os Cookies" ou continuar a navegar no site, você concorda com o armazenamento de cookies no seu dispositivo para melhorar a experiência e navegação no site. Consulte a Política de Privacidade para obter mais informações.

Aceito todos os Cookies